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Encha o balde dos outros

Seu balde está cheio?, Tom Rath, 2006, Editora Sextante, pag 12
 
Nossas vidas são moldadas por nossas interações com os outros. Pode ser uma longa conversa com um amigo ou simples sorriso de um desconhecido - toda interação faz diferença. De fato, os resultados dos nossos encontros raramente são neutros; em geral, são positivos ou negativos. E, mesmo que não percebamos, essas interações vão se acumulando e exercendo profundo impacto em nossas vidas. (...)

Todos nós possuímos um BALDE INVISÍVEL que se enche ou esvazia o tempo inteiro, dependendo do que os outros nos dizem ou fazem. Quando o nosso balde está cheio, nos sentimos ótimos. Quando está vazio, ficamos péssimos.

Acontece que todo mundo possui também uma CONCHA INVISÍVEL. Sempre que a usamos para encher os baldes dos outros - dizendo ou fazendo algo que reforce as suas emoções positivas - acabamos enchendo também o nosso próprio balde. Por outro lado, toda vez que utilizamos essa concha para esvaziar o balde de alguém - enfraquecendo as suas emocões positivas - também acabamos esvaziando o nosso balde. (...)

É importante tomarmos consciência de qua a cada momento do dia, todos os dias, nos deparamos com uma escolha: podemos encher os baldes uns dos outros ou esvaziá-los. É uma escolha crucial, com sérias consequências para os nossos relacionamentos, para a nossa produtividade, saúde e felicidade. (...)

Níveis elevados de reconhecimento e elogio promovem transformações imediatas no ambiente de trabalho - e basta uma única pessoa para difundir emoções positivas num grupo inteiro, se começar a encher cada balde com mais frequência. Há estudos que mostram que, quando um líder compartilha emoções positivas, sua equipe também apresenta um humor mais positivo, fica mais satisfeita com o trabalho, demonstra mais envolvimento e tem um desempenho coletivo melhor. (...)

Segundo o Departamento do Trabalho norte-americano, a principal causa dos pedidos de demissão é o fato de as pessoas "não se sentirem apreciadas". No entanto, o problema não pára por aqui. Uma pesquisa realizada junto a profissionais da área de saúde revelou que quem trabalha com um chefe de que não gosta apresenta uma pressão arterial significativamente mais alta. (...)

Com relação à produtividade, seria preferível para as empresa que seus funcionários excessivamente negativos não saíssem de casa, pois quando aparecem para trabalhar contaminam todo o ambiente. Conhecemos gente assim: são aqueles que andam pelo escritório com o olhar vidrado ou vão de mesa em mesa arrumando confusão com suas queixas, reclamações e até acessos de paranóia. (...)

Gerentes, tomem nota: elogios são um artigo raro na maioria das empresas. Para nosso espanto, numa pesquisa realizada, 65% dos funcionários entrevistados afirmaram não ter recebido qualquer reconhecimento pelos bons serviços prestados durante todo o ano anterior. E nunca encontramos alguém que se queixasse de reconhecimento excessivo. (...)

Segundo Daniel Kahneman, cientista ganhador do Prêmio Nobel, todos temos aproximadamente 20 mil momentos diferentes por dia. Cada um desse "momentos" dura apenas alguns segundos. Se vocë parar e pensar em qualquer lembrança intensa sua (positiva ou negativa), vai perceber que a imagem que lhe vem a mente registra um ponto preciso no tempo. Vai perceber também que os momentos memoráveis são quase sempre positivos ou negativos - raramente um encontro neutro se fixa na sua mente. Há casos em que um único encontro é capaz de mudar uma vida para sempre. (...)

Uma pesquisa recente chegou à conclusão de que as equipes com uma proporção acima de três interações positivas para cada uma negativa apresentam uma produtividade significativamente maior do que aquelas que não conseguem atingir esse patamar. Mas é interessante notar o resultado de outra pesquisa: ela indica também que a existência de um limite máximo - se a proporção ultrapassar 13 positivas para uma negativa, as coisas podem se deteriorar.

Por quê? Porque, embora seja necessário investir nas emoções positivas, é fundamental não ignorar a negatividade e as dificuldades. A positividade deve se fundamentar no real. Uma visão de mundo estilo Poliana, em que se faz vista grossa para o que existe de negativo, pode resultar num falso otimismo que pode ser muito destrutivo, além de extremamente chato. Há ocasiões em que é absolutamente necessário admitir as dificuldades, corrigir nossos erros e descobrir modos de administrar os nosso pontos fracos. (...)

CINCO ESTRATÉTIAS PARA AMPLIAR AS EMOÇÕES POSITIVAS

Para aumentar as emoções positivas na sua vida e na dos outros, você deve adquirir o hábito de encher baldes. (...) Para ajudá-lo nisso, examinamos nosso banco de dados de mais de quatro mil entrevistas abertas a esse respeito e chegamos às cinco estratégias com maiores probabilidade de produzir resultados.

Primeira estratégia: Não deixe o balde esvaziar. Assim, como precisamos quitar as nossas dívidas antes de começar uma poupança, é preciso primeiro parar de esvaziar os baldes dos outros para conseguir enchê-los. (...) Nos próximos dias fique de olho: se perceber que está esvaziando o balde de alguém, pare. Pare e pense nas suas últimas interações.

Segunda estratégia: Coloque o foco no positivo. Nunca subestime a influência a longo prazo da atitude de encher os baldes alheios. Segunda a Dra. Barbara Fredrickson, as emoções positivas criam "cadeias de eventos interpessoais" - e, mesmo que você não cheque a tomar conhecimento dos resultados a longo prazo, isso não significa que não ocorram.

Terceira estratégia: Tenha um melhor amigo. Quem conta com um melhor amigo no trabalho apresenta um histórico de segurança maior, melhores resultados em termos de satisfação dos clientes e uma produtividade crescente.

Quarta estratégia: Faça coisas inesperadas. De acordo com uma pesquisa recente, a grande maioria das pessoas prefere ganhar presentes inesperados. Aqueles pelos quais esperamos também ajudam a encher nossos baldes, claro - mas, por alguma razão, quando se trata de uma surpresa, o balde ahce um pouquinho mais. E o presente nem precisa ser muito grandioso para fazer sucesso. A surpresa já basta.

Quinta estratégia: Reformule a regra de ouro. A tradicional regra de ouro é "Faça aos outros o que gostaria que fizessem com você". Quando se trata de encher os baldes, sugerimos um ligeira variação: "Faça aos outros o que eles gostaria que você lhes fizesse".

O importante é não deixar de manifestar-se sempre que tiver algo agradável a dizer. Faça o que for possível para encher mais o balde dos outros - ao mesmo tempo que enche o seu.
 

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