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A emoção do ideal

O homem medíocre, José Ingenieros, 1964, Livraria Tupã Editora, pag 14
 
Quando orientas a prôa visionária em direção a uma estrela, e desdobras as asas para atingir tal excelsitude inacessível, ansioso de perfeição rebelde à mediocridade, levas em ti o impulso misterial de um Ideal. É áscua sagrada, capaz de te preparar para grandes ações. Cuida-a bem; se deixares apagar, jamais ela se reacenderá. E se ela morrer em ti, ficará inerte: fria basófia humana. (...)

Nem todos se extasiam, como tu, ante um crespúsculo, nem sonham ante uma aurora, nem vibram ante uma tempestade; nem todos gostam de passeam com Dante, rir com Molière, tremer com Shakespeare, crepitar com Wagner; nem todos emudecem diante do Davi, da Ceia ou do Partenão.

É dada a poucos essa inquietude de perseguir avidamente alguma quimera, venerando filósofos, artistas e pensadores, que fundiram, em sínteses supremas, suas visões do ser e da eternidade, voando além do Real.

Os seres da sua estirpe, cuja imaginação se povoa de ideais e cujo sentimento polariza em direção a eles a personalidade inteira, formam uma raça a parte na humanidade: são os idealistas. Quem se sentir poeta, definindo sua própria emoção, poderá dizer: O ideal é um impulso do espírito no sentido da perfeição.
 

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