Para ser Mestre em algo
 
Maestria, Robert Greene, 2013, Editora Sextante
 

É preciso compreender o seguinte: para dominar uma área, para ser Mestre nela, é indispensável amá-la e sentir uma profunda conexão com ela. Seu interesse deve transcender a área em si e atingir as raias da religião. Para Einstein, não era a física, mas o fascínio pelas forças invisíveis que governam o Universo; para Bergman, não era o cinema, mas a sensação de criar e dar vida; para Coltrane, não era a música, mas o poder de dar voz a emoções poderosas.

Essas atrações da infância são difíceis de expressar em palavras e são mais como sensações - o deslumbramento, o prazer dos sentidos, o sentimento de poder e a exacerbação da consciência. É importante reconhecer essas inclinações pré-verbais porque são indícios claros de uma atração não contaminada pelos desejos de outras pessoas. Não são algo que seus pais lhe convenceram a fazer, nem que decorre de uma associação mais superficial, alguma coisa mais verbal e consciente. Em vez disso, emergem de um lugar mais fundo, são exclusivamente suas, produtos de sua química sem igual.

À medida que você se torna mais sofisticado, não raro perde contato com esses sinais de seu núcleo primordial, que podem ser soterrados por todos os seus estudos e leituras subsequentes. Seu poder e seu futuro dependem da reconexão com esse âmago e do consequente retorno às origens. É preciso escavar em busca dessas inclinações dos primeiros anos. Procure seus vestígios nas reações viscerais a algo simples; um desejo de repetir uma atividade de que você nunca se cansava; alguma coisa que lhe suscitou uma curiosidade inusitada; sentimentos de poder associados a determinadas ações.

O que quer que seja, já está dentro de você. Não é necessário criar nada; basta escavar e reencontrar o que estava enterrado lá, desde o início. Ao se religar com esse núcleo, em qualquer idade, algum elemento dessa atração primitiva renascerá com todo o viço, indicando um caminho que pode acabar sendo a sua Missão de Vida.

 

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